quarta-feira, maio 09, 2007

Hoje, assim do nada, apeteceu-me escrever, talvez impulsionado pela tarde que passei, na excelente companhia de certas pessoas, e photografias do hi5, tenho que confessar, algumas puseram-me a pensar, e por isso e tudo mais, decidi escrever aqui umas palavras, hoje enquanto punha as minhas coisas em caixas, para me preparar para a mudança que já devia ter começado, mas por eu estar doente, foi adiada, ia conversando com algumas pessoas via net, dedicando umas músicas e brincando um bocado com sentimentos que nada têm de brincadeira, foi giro confesso, nada como uma tarde alegre para desanuviar e esquecer outras tantas coisas que me assombram diariamente, mas não é dessas coisas que venho falar aqui agora, é de algo bem melhor, aquelas fantásticas photos, 11, 8 e sem dúvida a 3 (a mais sincera), por razões óbvias não posso dizer de quem são, senão lá deixaria de ser um Doce|de|Menino :) estou numa fase de apatia em relação a sentimentos, não os quero nem ver perto, nem os ver ao longe, se dizer que não os quero ver, minto, mas se dizer que os procuro, aí sou ainda mais mentiroso, sou muito comprometido comigo próprio neste momento para entrar ou deixar entrar alguém na minha vida, à momentos ainda hoje que o passado me passa à frente e ai paro, penso, deduzo que algo não está bem, e no final sorrio, porque estou aqui, porque vivo e tenho sempre alguém com uma palavra amiga. Mas das photos que posso eu dizer, aquela expressão na 3ª photo, deixa muito para eu desejar, mas como tantas photos que passaram na minha vida, será apenas mais uma que ficará na memória, desta feita, uma memória muito agradável.
Ficando por aqui, deixo à musa da photo algo.

O que fazer? O que pensar?
Porque sentir? Porque amar?
Por vezes gostaria que o amor não existisse,
por vezes gostaria que a solidão me consumisse.
Por vezes tentaria não pensar,
por vezes preferia não amar,
por vezes sentiria a vontade de chorar.
Eternidade

Encolho-me...
No meu canto, no meu mundo,
no silêncio, na escuridão,
sinto o desejo de ter a quem dar a mão,
a quem pedir perdão,
a quem me sirva de consolação.
Mas no entanto, abro os olhos...
Para o mundo, para a luz,
para aquelas órbitas castanhas,
aquele brilho, que me embala e seduz.
E no entanto, beijo...
E no entanto sorrio...
E no entanto converso, durante horas a fio.
Sempre deitado no teu regaço,
sempre no calor de um abraço...
E nesse calor, repleto de amor,
entre um olhar, lábios, um sabor...
Entre uma lágrima de felicidade,
um momento de eternidade,
adormeço...
Sim, nesses momentos adormeço...
A teu lado...

Ela

ELA

Era uma noite como outra qualquer...
Do céu choviam estrelas,
Das árvores, sobressaíam tons primaveris...
O luar, redondo, omnipresente,
Parecia querer estar mais perto...
Do vento, sobrava uma ténue brisa,
Constante e afagosa...

Sim, era uma noite como tantas outras...
Ele, repousadamente sentado no banco do café,
Cedia ao convite da luz, tépida,
E imaginava ansiosamente a sua chegada...
Sorria-lhe o olhar, só de pensar...
Como era bela, voluptuosa...
Naquele vestido de verão que a distinguia das demais...

Uma noite como qualquer outra...
E, do nada, irrompia aquele vulto de formas tão graciosas...
Aproximava-se decidida, nada a detinha.
Nem mesmo a névoa que entretanto se instalara,
Abraçando-a longamente, parecia querer retardá-la...
As flores curvavam-se, à sua passagem,
Rendidas ao movimento perfeito dos seus passos...

Uma noite como tantas outras...
E ela pairava à sua frente, olhando-o intensamente...
Ele, boquiaberto, não conseguia sequer respirar...
O silêncio aconchegava-os, num beijo sem fim...
Uma estranha paz percorria os seus corpos,
Unidos por uma total harmonia...
Sem palavras, sem sinais... só dois corpos, nada mais...

É... uma noite como outra qualquer...
Das estrelas que choviam do céu,
Dos tons primaveris que sobressaíam das árvores...
Do luar, redondo e omnipresente,
Dos sonhos que a brisa trazia, ténue, afagosa...
Da perfeição que só a imaginação podia dar-te...
Só mais uma noite... presente, na tua ausência...

Apenas uma noite como tantas outras,
Uma noite como outra qualquer...

A Todos os meus Eus!

Lançei-me à vida
E levei comigo todos os Eus
Tentei defenir, e escolher
O que melhor se encaixa em Ti
O melhor de mim,
O Amor
O pior de mim,
Egocentrismo
O pior de nós,
Eu,
Mas que Eu precisas Tu
Para voltarmos a sermos Um
Para voltar esse Amor
Para voltarmos a Sonhar.
Lançei-me à vida
Para procurar, também,
Um Eu Teu,
Que se encaixe em mim
Lançei-me à vida
E voltarei um dia
Eu para Ti...

segunda-feira, maio 07, 2007

Para Ti Mãe, com Saudade!

Hoje é dia da Mãe, e também faz hoje 36 dias que desapareceste, aliás, não desapareceste, continuas aqui, juntinho do meu coração. As lembranças que tenho por vezes, doem tanto que parece que não consigo respirar, sinto que faltou sempre alguma coisa, nunca disse suficientes vezes o quanto eu gosto de ti, e agora que foste, nunca mais terei oportunidade, mas deixo-te aqui esta mensagem, na esperança que onde estiveres, bem lá do alto, as possas ler e guardar com o carinho com que me criaste e fizeste com que me torna-se no homem que hoje sou, lembro quando era pequeno, que íamos os dois no autocarro (das poucas vezes que andei de autocarro até à 1 ano atrás) para casa, no Feital, eu tinha praí 3 anos, mas lembro-me como se fosse hoje, ia sentado no teu colo, do lado esquerdo do autocarro, bem em frente à porta de trás, e ia uma senhora do outro lado, um pouco mais à frente, com um saco de pão, lembro-me tão bem, que quase posso sentir o cheiro a pão quente, que eu quase babava na altura e a senhora apercebeu-se e quis-me dar um pão e eu envergonhado enrosquei-me todo em ti, com a cabeça quase metida na tua mala, bem escondido, protegido, nunca vou esquecer esse dia. Lembraste também de um dia em que estávamos todos na casa do Feital, TU estavas na cozinha, que dava para o quintal e ouviste uns barulhos, abriste a porta que dava para as traseiras e bateste com a vassoura no chão com tanta força para assustar aquele ciganito que nos estava a roubar as frutas das árvores, que até o Nicky deu um salto e desatou a correr atrás do miúdo, lembraste do Nicky não lembras? Aquele Pastor Alemão lindo lindo. Desculpa, mas do Feital contigo não tenho mais memórias, mas sempre gostei de partilhar contigo aquela do carrinho que tinha, que foi atropelado por um camião real, e ficou todo esmagado, mas começou a ganhar as corridas todas, ainda o tenho, não sei onde, mas talvez seja a melhor recordação que tenho do Feital. desculpa também, mas da casa na estação a única lembrança que tenho é do Jimmy, aquele Boxer que tivemos que tinha ataques tipo os humanos, mas isso não é importante agora. no Carandá é sem dúvida onde tenho as melhores recordações, moraste lá 17 anos, tanta vez que me ias tapar com um cobertor quando eu por teimosia adormecia na sala, porque queria ver um filme, acho que foi por gostar tanto desses momentos, que me viciei em filmes, as vezes que tiveste que me levar ao colo para a cama, e eu já era pesado demais para andar ao colo, mas só assim conseguias que eu dormisse na cama, as vezes em que me chegava junto a ti, a ver TV tu fixada nas telenovelas, e eu no calor da lareira, dizias sempre para me afastar da lareira porque fazia mal, mas sabia tão bem Mãe, tão bem. Depois cresci, já não acordava ao sábado de manhã para ver desenhos animados, já não adormecia no sofá da sala, e já não me aquecia na lareira contigo por perto, mas sempre gostei de Ti, apenas deixei de o mostrar todos os dias e noites, já só queria rua, e tu dizias 'às 22h quero-te em casa' claro que eu sempre achei que o Carandá era a minha casa e tu acabavas por não te importar que eu ficasse na rua, desde que tu me visses da varanda, bastava chamares e eu responder e já sossegavas, sei que sim e sempre tive noção disso. Quase sempre me protegeste quando me portava mesmo mal e merecia umas palmadas, e nunca te agradeci, ah, eu disse quase sempre, porque houve uma vez, em que eu e o Filipe nos juntamos e chateamo-nos com o Pedro e acabamos com um vidro partido da janela do quarto e Tu por castigo, não mandaste por vidro novo durante o inverno todo. Achavas piada quando nós montávamos uma tenda no quarto com os lençóis presos do beliche até à minha cama que era separada, e fingíamos que estávamos a acampar, nunca te chateaste de nós usarmos a mesa da sala que tanto estimavas para fazermos uma mesa de ping-pong (também era uma maneira de nos teres em casa), sempre quiseste que fizéssemos as nossas festas de aniversário em casa, com os nossos amigos, enchíamos a casa e tu não estavas lá, nem deixavas adultos estar, para nós estarmos à vontade. Tantas recordações Mãe, que é dificil falar de todas, depois ficaste magoada comigo quando eu decidi ir viver com o Pai, digo-te agora que fui, porque não o ia deixar viver sozinho, tal como agora que te foste, não o vou deixar, prometo. Estivemos bastante tempo sem nos falarmos, mas lá quiseste que eu fizesse a minha festa de 16º aniversário em tua casa no Carandá, e assim foi, e apesar de não vivermos juntos, voltamos a dar-nos bem, muito bem. depois Tu e o Pai juntaram-se outra vez, foi à cerca de 6 anos e meio não? Foi, o tempo que estamos nesta casa. Mas do Carandá ainda tenho mais uma que quero partilhar contigo, Adorava o respeito que o Chuchu tinha por ti, aquele cão veio directo do inferno, mas Tu fazias dele o que querias, lembro tão bem, quando ele ia para os teus vasos, depois lá vinhas tu, de pano molhado para lhe limpar o focinho, incrível, um cão que eu só fazia festas quando ele acordava bem disposto, o que era raramente. Ainda não entendi como pudemos todos nós gostar tanto daquele cão demoníaco. Nesta casa que estamos agora, não posso dizer que tenho boas recordações, a Madrinha acamou mal viemos para aqui morar, e tu, começaste a esquecer-te das coisas e a berrar mais do que o normal em Ti, e de à uns anos para cá, sinto falta de Ti, foi-te diagnosticada a doença, e a partir daí, foi sempre a piorar, deixaste de te lembrar das coisas recentes, depois deixaste de falar e essa foi a parte que mais me custou, tenho saudades de te ouvir aos berros, por mim, pelos cães, pelo Pai, pelo Filipe ou pelo Pedro, sinto saudades tuas, depois aos poucos, foste perdendo tudo de ti, as recordações, a fala, o raciocínio, lembro-me como se fosse hoje também, um dia que cheguei a casa do trabalho e tu não me reconheceste, sei que não fazias por mal, era a doença, depois começou a custar-te a mexer, a andar, até de um dia pro outro, acamaste também, como a Madrinha, que esteve acamada muito mais tempo que Tu, antes de ir embora também, tu só tiveste acamada 1 semana, depois sentiste-te mal e foste para o hospital, mas no hospital não quiseram saber e mandaram-te para casa, uma semana depois, foste embora, e eu, recebi a notícia por sms, estava a trabalhar. Sinto a tua falta Mãe, hoje como é o Teu dia, fui ver-te, ao cemitério, com o Pai, com a Lizete e com a pequena Gabriela uma das tuas netas. A Elsa já tinha levado flores, quando foi com o Pedro e com o Filipe, a outra pequena, a Mariana, está cada vez mais endiabrada, e sabes, ela gostava muito de Ti. Depois viemos para casa, para este apartamento que só trouxe desgraças à nossa família, estou aqui sozinho com o Pai, ele está na sala a ver as notícias, está deserta esta casa sem Ti, silenciosa, não é a mesma coisa, sempre pensei que ias viver para sempre, mesmo agora com 29 anos, sempre desejei isso. Nunca te disse, mas eu tinha 2 sonhos, um era que a Madrinha fosse minha verdadeira Madrinha de casamento, o outro, era que eu te pudesse dar uma neta, minha, que pudesses ver todos os dias, passear com ela, ensinar-lhe as coisas que me ensinaste a mim, como o bom vício de ler e escrever, mas nada disso foi possível, ah, no cemitério, também fomos acender uma vela à campa da Madrinha, pro ano, vamos passa-la para onde estás, assim a família começa a juntar-se outra vez. Amanhã é outro dia Mãe, tu não estás cá, mas eu tenho que continuar a minha vida, sei que estás aí em cima a olhar para mim e a desejar tudo de bom.
Do teu filho que te Adora,
Um Beijo Mãe

Miguel


P.S. - Sabes a novidade? Vamos mudar outra vez para o Carandá, agora no final do mês, para o apartamento ao lado onde moraste 17 anos. Vai ser o inicio de algo Bom, eu quero acreditar nisso.